Exu é a força motriz do universo, um poder incontrolável e impossível de ser dominado.
A interação com o mesmo reivindica uma ética responsiva, uma vez que é ele o múltiplo no uno e o um multiplicado ao infinito, está em tudo e em tudo está.
Assim, Exu, como uma potência inesgotável, dobra qualquer perspectiva de escassez.
Por isso ele é o senhor dos caminhos (Onã), pois o seu caráter dinâmico é uma constante produtiva.
São inúmeros os mitos em que Exu protagoniza pelejas vencendo a morte, e, em grande parte delas, Exu age através de sua perspicácia, a ludibriando, pregando peças nela e a afastando de afetar aqueles a quem ela se destina.
Como no caso do mito em que Exu salva Orunmilá da morte, servindo a ela a comida que Orunmilá ofertou como ebó.
Assim, a morte não poderia mais matá-lo, pois havia se alimentado da sua comida.
É importante ressaltar que, em grande parte das narrativas míticas, a noção de morte transcende a dimensão de uma simples oposição à vida. Nesse sentido, destacam-se as perspectivas explicativas assentes na cosmogonia iorubana e, respectivamente, nos cruzos da afro-diáspora, em que a noção de morte, para além da constituição da matéria, se vincula às noções de esquecimento, escassez, desencante e perda de energia vital.
Esse giro explicativo é fundamental para credibilizarmos os cultos à ancestralidade ‒ suas invocações e encarnações ‒ como um elemento emergente e fundamental na reinvenção da vida na diáspora, na medida em que abrem um campo de possibilidades de combate à escassez.
Luiz Rufino
Doutor em Educação- (UERJ) e pós-doutorando em Relações Étnico-raciais- (PPRER/CEFET)
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