Elegbara é aquele andarilho que vagueia mundos, bate o ogó no vazio e já está do outro lado, montado em formigas, viaja nos redemoinhos, canta de tardinha e de manhã canta novamente.
Elegbara é pinto e galo ao mesmo tempo, é ele que emprenha as moças virgens, desnuda certezas.
O brincalhão escreve o ontem no hoje, fuma o cigarro ao avesso sem se queimar, de sua flauta, sopra o espiral do tempo que nos faz acontecer.
Elegbara nos encarna, é o moleque travesso que numa hora quer de comer, e um minuto depois já não quer mais.
É o dengo e o choro, o gozo e a birra.
O garoto querido de Olodumaré, o filho que Orunmilá pediu para mimar.
Elegbara vagueia mundos, tropeça e encontra soluções, veste a carapuça que quiser e carrega a cabeça do rei em seu bornal.
Nas palavras assentadas na esteira do saber popular dos terreiros,
Elegbara “é a força de Exu, o movimento como um todo”.
É um pouco de cada um de nós.
Luiz Rufino
Doutor em Educação- (UERJ) e pós-doutorando em Relações Étnico-raciais- (PPRER/CEFET)
Nenhum comentário:
Postar um comentário